Autor: Marcio

Part-time thinker, mountaineer, wine snob, photographer, writer, marketer, chess player, technologist, poet, blogger, hiker, engineer.

Planejando uma visita ao Vale do Silício

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Três semanas para conhecer…

Para visitar como turista, basta um dia (Roteiro para uma visita rápida >>). Mas se o seu objetivo é ter uma idéia de como o ecossistema empreendedor funciona, eu recomendo pelo menos 3 semanas (e isso considerando planejamento e preparação antecipada).

Se o seu objetivo é “encontrar uns VCs e pegar um investimento”, saiba desde já que isso não funciona (veja artigo sobre VCs >>).

A logística da viagem…

Os aeroportos de San Francisco (SFO) ou San Jose (SJC) funcionam. Um vôo do Brasil vai normalmente ter uma conexão (Houston, Dallas, Los Angeles, Miami, Chicago, etc) e vai chegar aqui no meio do dia. A passagem custa cerca de USD$1500 (2014).

Aluguel de carro nos EUA é relativamente barato ($150/semana + seguro). Carro não é absolutamente necessário o tempo todo se você ficar bem localizado. Se não puder alugar um carro o tempo todo, considere emprestar ou comprar uma bicicleta e ter um carro alugado pelo menos por alguns dias no final da visita.

Uma noite em um hotel barato é uns $50. Almoçar é uns $10. Jantar é uns $20. Uma cerveja custa $1 no supermercado, $6 no bar.

Pegue um celular pré-pago.

As distâncias são grandes e o sistema de transporte público não tem o alcance com qual você está acostumado em uma cidade grande no Brasil.

Entre Novembro e Março pode fazer frio (zero Celsius nas manhãs mais frias) e você vai precisar de roupa de frio e pode chover. No resto do ano é quente (40C na tarde mais quente do verão) e nunca chove. A umidade do ar é baixa o ano todo, o que significa que a sensação térmica é menos extrema que em São Paulo (zero não é tão frio e 40C não é tão quente quanto você imagina). Depois do pôr-do-sol, a temperatura cai rápido, mesmo no verão.

Mais informação sobre os custos de visitar o Vale >>

Onde ficar?

Algum lugar entre Palo Alto e Mountain View é o ideal. De preferência, perto de alguma estação do Caltrain (linha de trem), principalmente se não for alugar um carro.

Onde ficar depende do seu estilo e dos recursos financeiros. Mas se o seu objetivo é viver empreendedorismo, o melhor é ficar em um lugar onde você conviva com outros empreendedores. Existem vários albergues especializados em receber empreendedores e lugares que oferecem tanto o lugar para ficar como espaço de co-working e programas de imersão (Veja SiliconHouse.us por exemplo, Use Google para encontrar similares a Blackbox.vc).

Onde trabalhar?

Quando não estiver encontrando alguém ou passeando, você pode se sentar em um café (normalmente oferecem free wi-fi). Existem vários espaços de co-working que te oferecem um lugar para trabalhar (mesas, Internet, ambiente onde você vai conviver e interagir com outros empreendedores) por preços surpreendentemente baixos. Um exemplo: Hacker Dojo em Mountain View.

A visita começa antes da visita…

Para tirar proveito da visita, se prepare para ela. Se envolva com a comunidade empreendedora no Brasil, aprenda a linguagem, leia os livros que todo mundo está lendo, fale com empreendedores que já visitaram o Vale. Ative a sua rede de relacionamentos e entre em contato com pessoas aqui (e.g. me siga no Twitter, Facebook). Leia todos os artigos desse blog…

Uma semana antes de chegar (e não antes) faça contato com as pessoas que você conhece ou foi apresentado. Tente marcar um encontro com esses conectores nos primeiros dias da visita (quando contactar essas pessoas, tenha respeito pelo tempo delas: inclua informação e contexto relevantes, inclua links para o seu perfil profissional, diga claramente quais são os objetivos da sua visita). Elas vão te apresentar a pessoas relevantes e te ajudar a organizar o resto da visita.

Procure eventos e reuniões de interesse acontecendo na região (você vai encontrar vários eventos por dia, todo dia). Entre em sites como Meetup e selecione oportunidades de encontrar gente na comunidade local. Veja o calendário da BayBrazil. Na dúvida, apareça. Você sempre vai aprender algo.

Grupos e visitas a empresas

Estando aqui e encontrando as pessoas, vai ser relativamente fácil para você ter oportunidades de visitar as empresas locais. Se visitas a empresas e universidades for prioridade para você ou se você está organizando uma visita para um grupo maior, considere utilizar serviços de organizações oferecendo programas de “imersão” (e.g. BayBrazil, uma entidade que conecta as comunidades profissionais no Vale e no Brazil).

Mais sobre o Vale do Silício

O Silicon Valley cobre a área ao sul da Bahia de San Francisco. O nome vem de Silício, a matéria-prima para os chips que iniciaram a revolução digital, mas hoje e associado a tecnologia em geral. Cobre várias cidades parte da região da “Bay Area”, incluindo San Jose (Cisco), Santa Clara (Intel), Cupertino (Apple), Mountain View (Google), Palo Alto (Facebook), Redwood City (Oracle). No mapa acima, mas ou menos desde San Mateo na península até Fremont no lado leste da Bahia.

O coração do Vale do Silício é a cidade de San José, que tem cerca de 1 milhão de habitantes e fica 70km (uma hora de carro) da mais famosa, mas menor, San Francisco.

Para ver onde estão algumas das empresas de tecnologia que você conhece, veja o mapa interativo em Google Maps com instruções passo-a-passo. Clique em “See Larger Map” abaixo.

Pronto para mudar para cá? Veja como funcionam vistos de imigração >>


antique-squareMarcio Saito foi de São Paulo para a California para ajudar a estabelecer a Cyclades (a primeira empresa brasileira de tecnologia a se estabelecer no Vale) 20 anos atrás e acabou ficando. Hoje participa do ecossistema empreendedor como investidor, conselheiro, mentor, empreendedor. Me conheça.
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Como é morar no Vale do Silício?

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Duas Décadas

Era um domingo em 1992 quando recebi uma ligação. “Quer ir morar na California?”. Em 93 me mudei de São Paulo, onde nasci e cresci, para o Vale do Silício. Vim para ajudar a estabelecer uma empresa brasileira aqui, com a idéia de passar dois ou três anos nos EUA. Duas décadas depois, ainda estou aqui.

Certas experiências são pessoais e intransferíveis. Morar em um lugar é uma dessas experiências, pois depende da perspectiva, história e atitude do morador. Então para saber como é a vida aqui, o melhor é vir me visitar (razões para visitar >>, tour de um dia >>).

Mas nem todo mundo tem essa oportunidade. Então vou apresentar minha perspectiva. Esse post não é sobre tecnologia ou empreendedorismo, mas sobre a visão mais pessoal de um brasileiro morando aqui a tanto tempo.

Pronto para mudar para cá? Como funcionam os vistos de imigração? >>

Onde fica esse tal de Vale do Silício?

O Silicon Valley cobre a área ao sul da Bahia de San Francisco. O nome vem de Silício, a matéria-prima para os chips que iniciaram a revolução digital, mas hoje e associado a tecnologia em geral. Cobre várias cidades parte da região da “Bay Area”, incluindo San Jose (Cisco), Santa Clara (Intel), Cupertino (Apple), Mountain View (Google), Palo Alto (Facebook), Redwood City (Oracle). No mapa acima, mas ou menos desde San Mateo na península até Fremont no lado leste da Bahia.

O coração do Vale do Silício é a cidade de San José, que tem cerca de 1 milhão de habitantes e fica 70km (uma hora de carro) da mais famosa, mas menor, San Francisco.

Como as pessoas vivem no Vale do Silício?

Fora de San Francisco (que não é parte do “Vale”), a vida é suburbana. São várias cidades emendadas. As pessoas vivem em casas térreas e as áreas residenciais são espalhadas com ruas largas. Algumas “freeways” cruzam a região (101 na peninsula, entre San Jose e San Francisco, 237 no Sul, e a 880 de San Jose a Berkeley no lado Leste da Bahia).

Uma das maiores surpresas quando cheguei aqui e fui para um shopping: o burburinho não era em inglês. Demograficamente, os americanos são minoria no vale. A maior parte da população é formada por imigrantes de outros paises: México, Índia, China, Vietnam, Filipinas, etc. Viver no vale é um exercício de diversidade e tolerância, com gente do mundo inteiro. Essa experiência é visível na variedade de restaurantes, arquitetura, vestuário, etc.

75% dos meus amigos trabalham diretamente com tecnologia, são engenheiros, programadores de software, vendedores de tecnologia, etc. Outros 20% trabalham em outras áreas, mas normalmente em empresas de tecnologia. Como dá para imaginar, isso é bom e ruim ao mesmo tempo.

Embora dependa da situação de cada um, em média a vida nos EUA é materialmente mais confortável do que em uma cidade como São Paulo. Os espaços são maiores, mais confortáveis, menos congestionados, mais seguros. Para mais informações sobre o padrão de vida (de um desenvolvedor de software), veja “Quanto custa morar ou passar um tempo no Vale do Silício?”>>

Ninguém sabe o tamanho exato da comunidade brasileira na área por que ela inclui imigrantes sem documentação e imigrantes transitórios que vão para ficar por tempo limitado. Mas existe uma comunidade significativa emergente de brasileiros ligados a tecnologia do Vale do Silício.

No trabalho, a cultura é anti-mainstream e casual. Hierarquia e estrutura são menos importantes que no resto do mundo. Não se usa gravata. Não é incomum encontrar gente de chinelo de dedo no escritório.

Por que a tradição em tecnologia?

É difícil de isolar um motivo para o sucesso sustentado do vale na área de tecnologia. Tem a ver com a diversidade (gente do mundo inteiro vem ao vale para “dar certo”), as Universidades (Stanford em Palo Alto, UC em Berkeley, etc), o ecossistema (venture capitalists, empreendedores, mão-de-obra qualificada, infraestrutura).

E tem terremoto mesmo? É verdade que nunca chove?

Tem dezenas de tremores pequenos todo dia. O Vale do Silício é cortado de norte a sul no lado da peninsula pela San Andreas fault e no lado leste pelas Hayward e Calaveras faults, as linhas de deslocamento da crosta terrestre, onde a placa do Pacífico está sendo empurrada para baixo da America do Norte.

Onde eu moro, em San Jose, alguém atento sente um tremor (a mesa balança) uma vez por mês. O último terremoto grande, onde as coisas caem da prateleira, foi em 1989 (Loma Prieta). Então, eu que moro no Vale do Silício desde 1992, ainda não peguei “the big one”. Para ver e acreditar: Mapa de terremotos na California essa semana >>

Entre Abril e Outubro, as pessoas marcam casamentos ao ar aberto sem se preocupar muito pois nunca chove. As chuvas ocorrem no inverno (Novembro-Março). A temperatura varia de próximo de zero nas manhãs frias de inverno até mais de 40C nas tardes quentes de verão. Nunca neva. A umidade do ar é sempre baixa, então a sensação de frio ou calor é menos extrema que em São Paulo.

Se eu for visitar, o que mais está por perto?

Veja: Tour do Silicon Valley >>

Saindo de San José, que é mais ou menos o coração do Vale do Silício…

San Francisco, que é mais famosa mas menor que San José, está uma hora ao Norte, pela Hwy 101.

Santa Cruz, que fica no litoral, está meia hora ao Sul, pela Hwy 17.

A California é famosa também pelas regiões vinícolas. A região de Santa Cruz Mountains produz Pinot Noir aqui mesmo no Vale. As mais famosas Napa e Sonoma estão 2.5 horas ao Norte.

Yosemite National Park, fica 4 horas ao Leste. Na mesma direção, Sacramento (capital da California) fica 2 horas de carro, Lake Tahoe (esqui, montanhas, neve), 4 horas.

Do que um Brasileiro sente falta?

Quando eu cheguei aqui em 1993, não tinha contato com outros brasileiros, então sentia muita falta de gente. Mas nos últimos anos a população de brasileiros exilados cresceu e se organizou, então hoje é muito fácil encontrar e conviver com brasileiros. Churrasco? Feijoada? Jogo de Futebol? Baile de Carnaval? Guaraná Antarctica? Sim, tem tudo isso aqui.

Embora se consiga comprar quase qualquer coisa aqui, a maioria dos brasileiros vão sentir falta de alguns pratos e comidas típicas. Não existem muitos restaurantes brasileiros na região e os poucos que existem tendem a ser churrascarias (tem um Fogo de Chão em San Jose, e Espetus, outra churrascaria autêntica em Burlingame e San Francisco).

E tecnologia, onde está?

Para ver onde estão algumas das empresas de tecnologia que você conhece, veja o mapa interativo em Google Mapas com instruções passo-a-passo. Clique em “See Larger Map” abaixo.


antique-squareMarcio Saito foi de São Paulo para a California para ajudar a estabelecer a Cyclades (a primeira empresa brasileira de tecnologia a se estabelecer no Vale) 20 anos atrás e acabou ficando. Hoje participa do ecossistema empreendedor como investidor, conselheiro, mentor, empreendedor. Me conheça.

Vistos para morar e trabalhar na California

Passport

Começando com disclaimers

Não sou advogado e as regras mudam o tempo todo. O conteúdo abaixo é baseado na minha experiência passada (eu vim para os EUA inicialmente com visto H1B. Na minha carreira, contratei cerca de 40 Brasileiros com visto H1-B ou L1).

Para o público desse blog (engenheiros, empreendedores) normalmente não faz sentido considerar nenhum caminho “alternativo” de imigrar para os EUA.

Quer saber como é viver no Vale do Silício? Veja minha perspectiva pessoal >>

Visto H1-B (visto de trabalho – técnico)

O visto H-1B permite que uma empresa Americana contrate extrangeiros temporariamente (nesse caso, por três anos, extendível para seis anos).

O visto H-1B assume que a empresa tentou e não conseguiu contratar uma pessoa qualificada localmente e porisso pede autorização para contratar um estrangeiro. Exige formação técnica de nível superior e experiência “única”.

Existe uma cota anual de vistos H1. Quando a demanda é maior que a cota (que é o caso na maioria do tempo), o problema é que o pedido do visto deve ser feito em Abril (quando a cota é aberta, e normalmente fechada em alguns dias) e a aprovação do visto só ocorre 6 meses depois.

Esse atraso de 6 meses entre a decisão de contratar e a aprovação do visto inviabiliza o processo na maioria dos casos de Brasileiros pensando em imigrar dessa forma. Na prática, o visto H1 funciona para quem já está morando legalmente nos EUA (e.g. com visto de estudante, com visto de esposo/esposa de imigrante legal, etc) ou quem está se transferindo de um pais para o outro dentro da mesma empresa (quando a espera de 6 meses pode ser aceitável).

Quando aprovado, o visto H1-B é associado a empresa e o profissional. Se a empresa demitir um funcionário com H1, ele perde o direito de ficar no país se não encontrar outra empresa disposta a patrocinar o visto dentro de alguns dias. A esposa ou esposo do imigrante recebe um visto H4, que dá direito de morar, mas não de trabalhar nos EUA.

Visto L1 (visto de trabalho – transferência interna)

O visto L1 permite que uma empresa com escritório nos EUA transfira um profissional de um escritório da mesma empresa em um país extrangeiro por um período de 5-7 anos.

O visto L1 assume que o profissional tem um cargo de gerência na empresa ou um set de skills único (e.g. conhecimento técnico do produto da empresa) que não pode ser encontrado facilmente no mercado local. Exige formação técnica de nível superior (mestrado torna o processo muito mais fácil). Comparado ao H1, o processo L1 é mais simples (não exige provar que a empresa tentou contratar um profissional qualificado localmente). O L1 não está sujeito a cotas e o processo leva 2-3 meses.

Quando aprovado, o visto L1 é associado a empresa e o profissional. Se a empresa demitir um funcionário com L1, ele perde o direito de ficar no país se não encontrar outra empresa disposta a patrocinar o visto dentro de alguns dias. A esposa ou esposo do imigrante recebe um visto L4, que dá direito de morar e trabalhar nos EUA.

Visto F1 (visto de estudante)

O visto F1 permite que um extrangeiro more nos EUA enquanto se dedicando como estudante em regime integral (e.g. você vem para a California para fazer um curso de MBA em Stanford).

Durante o curso, o estudante pode fazer algumas horas semanais de estágio em uma empresa americana. Depois da graduação, o estudante pode ficar até 12 meses e trabalhar. Durante esse período, o visto pode ser convertido em H1-B (assumindo que a empresa esteja disposta a patrocinar o visto e que o profissional satisfaça os requerimentos).

A esposa ou esposo do imigrante recebe um visto F2, que dá direito de morar mas não trabalhar nos EUA.

Green Card (residência permanente)

Um extrangeiro nos EUA com visto H1 ou L1 pode solicitar um Green Card. O Green Card é uma autorização de residência permanente (para todos os efeitos ele funciona como cidadania, mas é revogável e não dá direitos políticos). O processo normalmente leva 2-3 anos e frequentemente é patrocinado pela empresa patrocinando o H1 ou L1.

O Green Card pode também ser obtido através de casamento com um cidadão americano.

Portadores de Green Card, depois de 5 anos, podem requerer cidadania americana.

Qual é o seu caso?

Sou engenheiro, quero trabalhar na Califórnia.

O caminho normal seria se candidatar a empregos na California e requerer visto H1-B, mas por causa da cota anual, isso só funciona na prática se a empresa contratar primeiro no Brasil e depois transferir para cá.

Se você tem mestrado e trabalha em uma empresa multinacional estabelecida nos EUA, o caminha mais fácil seria uma transferência interna via visto L1.

Se você tem os recursos financeiros para vir estudar nos EUA, se matricule para fazer um mestrado aqui e venha com visto F1.

Sou empreendedor, quero empreender na California.

As restrições são as mesmas. Então para empreender na California,  você vem para cá como funcionário ou estudante (vistos H1, L1, F1), trabalha por vários anos e, depois de obter o Green Card, abre uma empresa aqui.

Se você tem uma empresa estabelecida e com recursos financeiros no Brasil, pode abrir um escritório aqui e pedir um visto L1 para transferir do Brasil para a California. Mas existem requerimentos não-triviais de escopo do escritório nos EUA para que o pedido seja aprovado (capital mínimo, contratação de funcionários nos EUA, etc).

E agora?

Mas antes de querer imigrar, venha conhecer o Vale do Silício (Tour de um dia >> , Planejando uma visita >>), porque morar aqui não é para todo mundo.


antique-squareMarcio Saito foi de São Paulo para a California para ajudar a estabelecer a Cyclades (a primeira empresa brasileira de tecnologia a se estabelecer no Vale) 20 anos atrás e acabou ficando. Hoje participa do ecossistema empreendedor como investidor, conselheiro, mentor, empreendedor. Me conheça.
 

Como Venture Capital funciona?

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Dinheiro em árvore? Nem no Vale do Silício.

Nos últimos anos, encontrei centenas de empreendedores brasileiros visitando o Vale do Silício. Quando pergunto “qual o seu objetivo nessa visita?”, invariavelmente ouço “tenho uma startup, vim procurar um VC e tentar pegar um investimento”.

Nesse post, eu o convido a visitar a California (Dicas para planejar sua visita >>), mas também explico alguns conceitos básicos de investimento em startups e mostro que “pegar um investimento” não é um objetivo realista para a grande maioria dos empreendedores brasileiros visitando o Vale.

Empreendedor, Angel and Venture Capital

Empresas podem nascer, crescer e morrer de várias formas, mas durante as últimas décadas o Vale do Silício na California desenvolveu um modelo de empreendedorismo que parece maximizar a eficiência do ecosistema empreendedor.

No estágio inicial, uma startup é financiada pelos próprios fundadores (economias pessoais, investimentos de amigos, empréstimos bancários, suor e trabalho). Bootstrapping é o processo no qual a empresa desenvolve o produto e gera receitas para pagar as contas e crescer sem capital externo adicional.

Embora bootstrapping possa ser o caminho para a sua empresa, no modelo de empreendedorismo criado no Vale, existem dois tipos de investidores que fornecem o capital para a empresa crescer. Isso permite planos de negócios “escaláveis” sejam acelerados com riscos e objetivos mais agressivos.

Angel Investors são indivíduos ou grupos de indivíduos que investem capital próprio. A decisão de investimento ocorre por “gut feeling”, envolvendo experiência no mercado, relação de confiança com fundadores, e paixão pela tecnologia. Normalmente um investidor Anjo investem cedo na evolução da empresa (“seed money”). O tamanho do investimento depende do investidor e do projeto, mas nos EUA, normalmente é menor que $1M e serve para tocar o projeto por alguns meses.

Para receber angel investment, uma startup precisa ter um protótipo do produto/serviço e alguns usuários ou clientes. O empreendedor precisa mostrar que conhece o mercado e o problema, sabe o caminho para uma solução viável, e consegue executar. O investimento normalmente é utilizado para completar o desenvolvimento do produto e validar o modelo de negócios.

VC Investors são fundos administrados por profissionais. A decisão de investimento é baseada em análise, já que o VC precisa justificar o aporte para os investidores e manter o perfil de investimento do fundo. Normalmente VCs investem mais tarde na evolução da empresa e, nos EUA, fornecem USD$2-20M em uma rodada inicial.

Para receber investimento VC, uma startup precisa ter um produto no mercado. Para um serviço para consumidores com modelo freemium ou baseado em anúncios, o serviço precisa ter 100k’s usuários, taxas de conversão/retenção boas e monetização demonstrada.

Para um produto corporativo, precisa ter vários clientes com validação da proposta de valor e a recomendação de analistas de mercado independentes. O empreendedor precisa mostrar que o modelo está validado e que capital é o último fator necessário para escalar o negócio.

Existem exceções? Sim, se um serviço de Internet conseguir recrutar 20 milhões de usuários, VCs vão se interessar mesmo que não haja um modelo de negócios bem definido.

A Startup Brasileira e o Silicon Valley

Para quem me conhece, eu sempre falo que é quase obrigatório para um empreendedor planejando jogar pelas regras do jogo acima visitar o Vale do Silício e passar algumas semanas aqui.

Mas vir para o Vale para “tentar um investimento” não é realista porque esse ecosistema é altamente local. Por motivos legais e logísticos, é extremamente raro que investidor Angel ou VC investir em uma empresa brasileira. Mesmo quando ocorre, o aporte exige que a empresa se estabeleça nos EUA. Então o dinheiro do Vale (1/3 de todo o capital de risco no mundo) não é diretamente acessível ao empreendedor Brasileiro.

A boa notícia é que esse mesmo ecosistema está se formando em outras partes do mundo e o mercado está respondendo à onda de empreendedorismo ocorrendo no Brasil. As incubadoras e aceleradoras estão se multiplicando (com as boas e más consequencias da expansão rápida). Fundos Angel e VC estão se formando (com capital nacional e daqui do Vale).

Mas e a história do empreendedor que recebeu $5M do VC somente com um PowerPoint? E o Instagram que teve um exit de $1B sem ter um modelo de negócios? Essas são as exceções que aparecem na mídia e criam a ilusão que é fácil pegar investimentos sem um negócio viável. Para os 99% de startups normais, as regras se aplicam.

Então me siga no Twitter venha me visitar aqui no Vale do Silício (Roteiro para um Tour de um dia >>), mas não porque você ache que dinheiro para startups cresce em árvores.


antique-squareMarcio Saito foi de São Paulo para a California para ajudar a estabelecer a Cyclades (a primeira empresa brasileira de tecnologia a se estabelecer no Vale) 20 anos atrás e acabou ficando. Hoje participa do ecossistema empreendedor como investidor, conselheiro, mentor, empreendedor. Me conheça.
 

Tour do Vale do Silício em um dia

Mapa e roteiro para uma visita eficiente

Se você vem visitar San Francisco, mas tem um interesse especial por tecnologia, por que não reservar um dia para visitar o Vale do Silício?

Guias de viagem dão o roteiro para conhecer San Francisco, e passeios por Monterey ou as regiões vinícoas de Napa e Sonoma. Mas normalmente não te dizem como conhecer o centro de tecnologia do mundo.

Então, depois de anos de experiência levando amigos para tirar fotos na frente de placas de empresas famosas, eu criei esse mapa e roteiro para visitar vários pontos de interesse para o viciado em tecnologia.

O roteiro inclui: Palo Alto, HP Garage, Stanford University, Tesla, Facebook, Museum of Computer History, Microsoft, Google, NASA, Yahoo!, Fry’s Electronics. Se quiser, pode estender o roteiro mais para o Sul na Hwy 101 e visitar a Intel em Santa Clara e a Apple em Cupertino.

Na correria, dá para fazer isso em meio dia mas o melhor é alocar um dia inteiro e terminar tomando uma cerveja na University Ave em Palo Alto.

Para ver o mapa interativo em Google Mapas com instruções passo-a-passo, clique em “See Larger Map”. Me diga se o roteiro funcionou para você.

Vem para uma visita mais longa?

Razões para vir para o Vale do Silício >>

Planejando uma viagem ao Vale do Silício >>

Quer morar na California? >>


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Por que ir para o Vale do Silício?

facebook

Empreendedor? Pensando em visitar o Vale do Silício (para passear, estudar, conhecer tecnologia ou mercado, morar, fazer contatos, abrir empresa)? Pare de pensar e venha.

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De acordo com o filme “The Social Network”, foi o Sean Parker (fundador do Napster) quem convenceu o Mark Zukerberg que o lugar certo para criar uma empresa de Internet é o Vale do Silício. Foi assim que Facebook saiu de Harvard e veio parar em Palo Alto.

Em 1992, eu me mudei de São Paulo para a California para ajudar a começar a Cyclades. Nós acabamos dando certo porque tivemos a “sorte” de nos envolver com Linux antes dele ficar conhecido e com a Internet antes dela ter o impacto que acabou tendo.

Não consigo provar que  estar no Vale foi motivo pelo qual o Facebook acabou destronando o MySpace (que ficou onde começou, em Beverly Hills) em redes sociais ou a causa do sucesso da Cyclades, uma das primeiras empresas brasileiras a se estabelecerem por aqui.

Mas foi. A presença no Vale é importante para qualquer empresário da área de tecnologia e Internet. Tem várias formas de empreender (empreender não significa necessáriamente seguir o modelo do Silicon Valley), mas para fazê-lo dentro do modelo criado aqui (VC funding), estar aqui ou pelo menos entender o Vale é essencial.

Uma visita ao Vale do Silício

Se você é empreendedor ou aspirante a empreendedor, algumas semanas no Vale vão mudar sua forma de pensar em relação a empreendedorismo. Você vai entender como o ambiente é competitivo (e, talvez, desistir de sua idéia mal-acabada) e como as idéias boas tem chance de atrair apoio do ecossistema (e talvez te inspirar a continuar na sua jornada empreendedora).

Visita curta: cartões postais do Vale do Silício… Veja roteiro para visita de 1 dia >>

Estada de algumas semanas: Dicas para planejar a visita ao Vale do Silício >>

Trabalhar/Abrir empresa: Como funcionam vistos, imigração, etc…>>

Morar no Vale do Silício: Como é a vida aqui? >>

Quanto custa morar or visitar o Vale? Tenha uma idéia dos custos >>

“Pegar um investimento VC”? Como funciona investimento VC >>

Vivendo Tecnologia e Empreendedorismo

Estar no Vale te expõe a idéias novas no cotidiano, parte normal da sua vida social. É a diferença entre ficar sabendo na fonte ou ler 6 meses depois no TechCrunch. Esses 6 meses fazem toda a diferença na vida do empreendedor e no sucesso de iniciativas em tecnologia.

É verdade que a Internet está democratizando o acesso e diminuindo as distâncias e o tempo de propagação da informação. Vou a certos lugares no Brasil, como Campinas por exemplo, e fico impressionado com a energia empreendedora e com a disponibilidade de informações e conhecimento na comunidade local.

Mas o ecosistema empreendedor ainda é o mais completo no Vale do Silício.

Desde o capital, passando pela infraestrutura de suporte ao empreendedor (Investidores, VCs, aceleradoras), até a disponibilidade de gente com experiências passadas. Está tudo aqui, concentrado em um espaço pequeno e pré-interligado.

Um grande desafio para empreendedores em tecnologia é encontrar os “early adopters”, gente que está disposta a gastar tempo para entender produtos antes deles se tornarem mainstream. Vá a qualquer loja do Fry’s Electronics no sábado de manhã e você vai encontrar 200 tech early adopters na sua frente.


antique-squareMarcio Saito foi de São Paulo para a California para ajudar a estabelecer a Cyclades (a primeira empresa brasileira de tecnologia a se estabelecer no Vale) 20 anos atrás e acabou ficando. Hoje participa do ecossistema empreendedor como investidor, conselheiro, mentor, empreendedor. Me conheça.