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Visitas a empresas no Vale do Silício

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Campus da Google in Sunnyvale

Visitando empresas no Vale do Silício

As empresas “novas” do Vale do Silício (e.g. Google, Facebook, Linkedin, Netflix, startups menores, etc.)  normalmente são bastante abertas em todos os sentidos. Então é natural que brasileiros visitando o Vale do Silício tenham a expectativa de poder visitar as empresas de tecnologia que admira. O #DiretoDoVale recebe mensagens todo dia perguntando “Como faço para visitar uma empresa do Vale do Silício?”

Sou turista,  adoro tecnologia e gostaria de visitar as empresas que admiro

A resposta simples é que mesmo que a empresa seja aberta, não faz sentido ela receber visitantes sem interesse de negócios. Então, se você quer apenas visitar como turista (o que não tem nada de errado), use o guia “Tour do Vale Do Silício em um dia” para visitar as empresas, tirar foto na frente das placas, postar no Facebook, e seja feliz. Uma das poucas empresas que tem infraestrutura para receber visitantes é a Intel. Embora a Intel não seja mais o objeto de desejo dos turistas, vale a pena conferir o museu, contando a versão Intel da história do vale.

A maioria das empresas não gosta de ter turistas andando pelo campus, e algumas tem segurança nos estacionamentos tentando identificar quem não é funcionário. Minha sugestão é apenas se comportar civilizadamente e tentar não dar muita bandeira. Se o segurança vier falar com você, sorria e peça para ele tirar uma foto sua na frente da placa.

Uma dica específica para o Google: Embora a maioria dos turistas queira visitar o Googleplex original em Mountain View, a experiência é melhor nos prédios da Google em Sunnyvale (11th Ave, veja foto acima). Os prédios são novos e bonitos, tem menos turistas e seguranças, então você consegue andar e respirar um pouco do ambiente sem incomodar ou ser incomodado. A melhor hora para sentir como é trabalhar na Google é na hora do almoço em um dia de semana. Se alguém perguntar o que você está fazendo, pergunte “Where is the TC4 building?” como se estivesse procurando o prédio para uma reunião e siga as instruções.

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Update 2015: Google está abrindo um “visitor center” para receber visitantes – busque por “Google Visitor Center”. A versão “beta”, ouço, não vale a pena. Mas eles prometem algo melhor em 2016.

Trabalho com tecnologia e tenho interesse em entender um pouco mais como funciona uma empresa no Vale do Silicio

A maioria dessas empresas oferece uma cafeteria que serve almoços transados sem custo adicional para os funcionários. Os engenheiros no Vale competem para ver quem tem o melhor almoço free e normalmente adoram receber convidados e serem admirados pelo privilégio. Então, para conhecer um pouco mais, ative a sua rede de contatos, encontre alguém que trabalhe na empresa que você gostaria de visitar e peça para encontrar para almoçar. Quem trabalha no Facebook ou Google recebe esses pedidos todo dia, então use algum critério antes de fazer o pedido. Você tem o relacionamento para pedir o favor? Você consegue oferecer algum conteúdo de interesse na conversa, ou é apenas para almoçar mesmo?

Eu tenho interesse de negócios e agenda, como faço para marcar uma reunião?

Se você trabalha no ecosistema empreeendedor, empresa, ou academia e tem interesse profissional em entender/aprender como uma empresa no Vale do Silício trabalha, use o guia do #DiretoDoVale para Planejar uma visita ao Vale do Silicio ou participe de um grupo organizado para fazer uma imersão na cultura do Vale. Você vai conseguir desenvolver relacionamentos que vão te ajudar a estabelecer contatos nas empresas do Vale. Se você tem negócios ou tecnologia para discutir com as empresas do Vale, simplesmente identifique a pessoa de interesse dentro da organização e entre em contato por email. Use as informaçãoes no guia de Etiqueta de Negócios no Vale do Silício. Como dito, a maioria das empresas daqui são abertas e receptivas a pedidos de discussão de interesse delas.

Tenho um grupo e quero levar para visitar uma empresa

Existem pessoas e organizações promovendo visitas ao Vale que incluem visitas a empresas. Se você está liderando um grupo e quer visitar uma empresa, pense primeiro se realmente existe uma agenda de negócios. Se tiver agenda, entre em contato com a pessoa na empresa por email. Como dito, a maioria das pessoas trabalhando nessas empresas são abertas a propostas de conversas, mesmo que o interesse real seja marginal. Senão, se o que você tem é um grupo de turistas, então, assumindo que você tem uma rede de relacionamentos, ative a rede, e peça favores pessoais.


antique-squareMarcio Saito foi de São Paulo para a California para ajudar a estabelecer a Cyclades (a primeira empresa brasileira de tecnologia a se estabelecer no Vale) 20 anos atrás e acabou ficando. Hoje participa do ecossistema empreendedor como investidor, conselheiro, mentor, empreendedor. Me conheça.
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Fazendo um Pitch – Como Apresentar a Sua Startup

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Nesse artigo, discutiremos 3 elementos de apresentação de uma Startup:

  • Elevator Pitch –  Uma explicação verbal sucinta do projeto.
  • Executive Summary – Um documento de uma página com um sumário do projeto.
  • Pitch Presentation – Uma apresentação de 5-20 minutos sobre o projeto.

Estar preparado para explicar e apresentar um projeto empreeendedor é importante porque:

  • Preparar um pitch ajuda a destilar a essência do projeto e torna as prioridades mais claras.
  • Apresentar o projeto é necessário para motivar outros colaboradores a se juntarem a ele.
  • No momento correto, apresentar o projeto é necessário para convencer um investidor a financiá-lo.

Cuidado com a “Indústria do Pitch”. Nos últimos anos, muitos empreendedores, consultores, mentores e outros curiosos dedicam esforços desproporcionais em apresentar ao invés de executar o projeto e desenvolver um negócio. Um projeto empreendedor é 99% execução e 1% apresentação, então não coloque o carro na frente dos bois.

=> Veja como investimentos VC funcionam – Estou preparado para buscar financiamento?

Comece a desenvolver o pitch pelo nível mais alto e depois complete os detalhes.

Elevator Pitch

Imagine que você precise explicar o seu projeto empreendedor para alguém que não necessáriamente tenha contexto ou conhecimento específico do mercado onde você atua. Formule e pratique um parágrafo que você possa explicar em menos de 2 minutos (o tempo disponível quando você encontra alguém por acaso no elevador), sem contar com recursos visuais. Por exemplo, se fossemos fazer um Elevator Pitch do Facebook, poderiamos dizer algo como:

O projeto Facebook tem a missão de permitir a uma pessoa comum dividir idéias e notícias com familia e amigos de forma a tornar o mundo mais aberto e conectado. Isso é feito através de uma plataforma, chamada de “rede social”, acessível por computadores e smartphones que permite usuários criarem um perfil pessoal, publicar posts (texto, fotos, links, vídeos) e ver posts de pessoas com quem está conectado na platforma. O acesso à platforma é grátis para o usuário e o nosso modelo de negócios é baseado em anúncios. Atualmente, temos 1.4 bilhões de usuários e estamos no processo de dominar o mundo.

O elevator pitch deve evitar o uso de jargão ou termos técnicos.

Executive Summary

O Executive Summary é um documento de uma página, independente (i.e. pode ser lido e entendido sem a necessidade de explicação adicional), explicando o projeto empreendedor. Alguns investidores exigem esse documento antes de considerar uma reunião para ouvir o pitch do projeto. Existem variações de formato, mas na minha experiência, ele deve conter:

  • Projeto: Nome to projeto e sua missão (normalmente a primeira sentença do Elevator Pitch).
  • Problema:  Explicação do problema que o projeto se propõe a resolver.
  • Solução: Descrição da solução e explicação do seu funcionamento.
  • Proposta de Valor:  Identificação dos usuários e dos benefícios que a solução proporciona.
  • Oportunidade/Mercado: Estimar o tamanho da oportunidade, identificar os competidores.
  • Modelo de Negócios: Explicar como o projeto vai gerar receitas e lucros.
  • Estado Atual: Descrever o estado do projeto, o próximo passo, qual é a ajuda externa necessária
  • Time: Listar as pessoas envolvidas no projeto

O Pitch Presentation

O empreendedor deve sempre estar preparado para apresentar o projeto, se adaptando a ocasião e a audiência. Na maioria dos casos, o Pitch Presentation dura de 5 a 20 minutos e pode ou não contar com apoio de recursos visuais (normalmente slides). Se utilizados, os slides devem ser simples e visuais. Não coloque muito texto e detalhes nos slides que eliminem a flexibilidade de apresentar em níveis mais superficiais. Quanto menos slides melhor. Como uma primeira aproximação, utilize um slide para cada uma das seções do Executive Summary (8 slides). Você vai encontrar exemplos e templates na Internet, mas lembre-se que um projeto empreendedor é 99% execução e 1% apresentação.


antique-squareMarcio Saito foi de São Paulo para a California para ajudar a estabelecer a Cyclades (a primeira empresa brasileira de tecnologia a se estabelecer no Vale) 20 anos atrás e acabou ficando. Hoje participa do ecossistema empreendedor como investidor, conselheiro, mentor, empreendedor. Me conheça.

No Vale do Silício, é hora de agradecer.

Thanksgiving

Photo credit: Eduardo Abe, Turkey credit: Carol Romancini

O Dia de Ação de Graças (Thanksgiving) nessa quinta-feira é um dos feriados mais importantes nos EUA. É quando as famílias se reúnem para comer peru com molho de cramberry e assistir futebol americano na TV. Esse é o único feriado em que se emenda a sexta-feira e a maioria das pessoas descansa por quatro dias. É o único dia do ano quando todo o setor de comércio e serviços fecham nos EUA por algumas horas.

A sexta-feira que segue o Thanksgiving é a celebração do início das vendas de Natal. Históricamente, nome “Black Friday”, que nos últimos anos foi importado pelo Brasil, vem do fato de que o comércio opera no vermelho a maior parte do ano e esse é o dia do ano em que o saldo fica positivo pela primeira vez.

Sobre Gratidão, Débito e Amor

Gratidão é uma emoção positiva que sentimos quando recebemos um benefício de outra pessoa. Dizer “Obrigado” é a forma de expressar essa emoção, que é a base da vida em comunidade. É o reconhecimento de que dependemos uns dos outros para viver e para existir.

Nós nos acostumamos a dizer “Obrigado” como mero protocolo social. O Thanksgiving é a ocasião para trazer o significado de volta ao consciente.

Nossa palavra em Português para expressar gratidão, “Obrigado”,  tem o significado literal de débito. Significa “Eu te devo algo em troca desse favor”.

Em minhas aventuras pelo mundo, eu me interessei não apenas pela palavra usada para expressar gratidão em outras línguas, mas tambem nas raízes dessas palavras. Minha expressão favorita é a que eles usam na Malásia (que revisitei em Agosto passado). Eles dizem “Terima Kasih”, que literalmente significa “Receba amor”.

Eu não sou historiador ou linguista, mas eu teorizo que palavras aproximando gratidão de débito tem raízes em períodos da história onde favores eram usados como moeda de troca entre níveis hierárquicos da sociedade. Na medida que caminhamos para um mundo onde relações e interações são mais equilibradas e transparentes, independente das palavras que usamos, gratidão tem que ser mais como amor e menos como débito.

DiretoDoVale Agradece

Com essa idéia na cabeça, o #DiretoDoVale agradece de coração a todos que leram e comentaram os artigos, que ajudaram a divulgar o blog desde que começamos. Em menos de um ano, somos 5000 pessoas engajadas na página no Facebook e tivemos milhares de interações digitais, e vários encontros presenciais com empreendedores Brasileiros conhecendo o Vale do Silício.

Terima Kasih e Happy Thanksgiving

#DiretoDoVale

Dizendo “Obrigado” em outras línguas.


antique-squareMarcio Saito foi de São Paulo para a California para ajudar a estabelecer a Cyclades (a primeira empresa brasileira de tecnologia a se estabelecer no Vale) 20 anos atrás e acabou ficando. Hoje participa do ecossistema empreendedor como investidor, conselheiro, mentor, empreendedor. Me conheça.

As Cervejas do Vale do Silício.

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Você provavelmente não vai encontrar muitos artigos explorando a combinação de “Cerveja” com “Vale do Silício”, mas eu decidi escrever esse post porque cerveja em alguns casos é uma experiência relevante para um brasileiro (empreendedor ou não) visitando o Vale.

Embora o Brasil esteja vivendo um boom de cervejas artesanais, a verdade é que a tradição e o clima no Brasil favorecem o consumo de cervejas estilo Pilsen, enquando em um bar na California esse não vai ser o caso.

Ales e Lagers

Cerveja é um produto muito simples, normalmente composto de água, um cereal (maltado e fermentado, produzindo gás carbônico e álcohol) e lúpulo (“hop” em Inglês, o “amargo” da cerveja, um conservante natural).

Existem dois tipos básicos de cervejas: Ales e Lagers. O que define a diferença é o tipo de fermento (yeast em Inglês) e a temperatura de fermentação.

Ales são um tipo mais “primitivo” de cerveja (se você deixar uma mistura de água e acúcar fermentar aleatóriamente, você tem uma Ale). As Lagers usam fermentos mais raros, fermentam a uma temperatura mais baixa, e normalmente produzem uma cerveja mais clara e com sabor mais limpo. A Pilsen (originárias de uma região hoje parte da República Checa), é a lager mais comum no Brasil.

Nos tempos modernos, enquanto no Reino Unido continuou tomando Ales, as Lagers dominaram o resto do mundo. Exatamente porque o fermento Lager é mais exigente (precisa de temperaturas específicas para fermentar direito) e produz uma cerveja mais limpa e sem sabores muito fortes, ela se adaptou perfeitamente a produção industrial e ao gosto médio das pessoas.

Budweiser, Coors, Antarctica, Skol, Tiger, Stella Artois, Quilmes, Corona, Foster’s, etc e a vasta maioria das cervejas disponíveis no supermercado no mundo inteiro são Lagers.

Quem faz cerveja em baixo volume normalmente produz Ales, porque os fermentos não ligam muito para controle de temperatura ou o pH da água e porisso não exigem equipamento sofisticado. Consequentemente, cervejas ditas “artesanais” normalmente são Ales.

Cerveja nos Estados Unidos

Nos EUA, as cervejas industriais são Lagers como no resto do mundo (a Budweiser, hoje parte da Inbev é a mais popular).

Mas, além da tradição Britânica, comparado ao Brasil, o movimento “craft beers” (cervejas artesanais) é mais antigo e forte nos Estados Unidos, particularmente na California. Algumas das cervejarias que começaram como “craft” hoje produzem cerveja Ale em volumes industriais. Sierra Nevada, Lagunitas, Anchor Steam são alguns exemplos de cervejarias da primeira geração de “crafts” na California que são encontradas em qualquer supermercado.

As Ales normalmente são classificadas por cor e podem ser “Pale” (clara), “Amber” (mais escuras), “Red” (avermelhadas), “Dark” (bem escuras).

Na época do império Britânico, eles colocavam mais lúpulo (um conservante) e aumentavam o teor alcohólico da cerveja enviada para a India. A cerveja ficava muito amarga, mas não estragava no caminho. Essa é a “India Pale Ale” (IPA), que ficou popular nos EUA.

Nos EUA, cervejas são vendidas em latas/garrafas (como no Brasil), mas normalmente os bares tem algumas cervejas disponíveis em “draft” (na torneira, como o “chopp” no Brasil). Normalmente se considera que é melhor tomar “draft” quando disponível.

Embora você possa comprar cervejas do mundo inteiro em um supermercado Americano, a experiência de ir ao bar e tomar “uma cerveja” é parecida nos EUA. Você vai acabar tomando Budweiser ou Coors e não vai notar muita diferença.

Mas na California, e particularmente no Vale do Silício, a coisa é diferente.

Cervejas do Vale do Silício

Então essa é a moral da história…

No Brasil, na sexta-feira, depois do trabalho, você chega no bar e está todo mundo tomando Pilsen InBev. Como sempre temos que discutir nossas preferências, e se discute de que cidade é a água usada para fabricar a cerveja. Na Califórnia, discutimos o lúpulo.

Nós, os Californianos, gostamos de exagerar em tudo. Então, quando as cervejarias craft na California querem se diferenciar do resto dos EUA e do mundo, elas exageram no lúpulo. Daí nasceram as Ales Californianas (com mais lúpulo que as IPA Britânicas). Tem as DIPA (double IPAs) e TIPA (triple IPAs). Elas são bem amargas e normalmente tem um teor alcohólico mais alto (7-10%)

Se você for ao bar numa sexta-feira a noite em Palo Alto, provavelmente não vai encontrar nenhuma lager industrial disponível em “draft”. A maioria das cervejas vai ser Ale e metade delas vão ser Ales “hoppadas” (IPA para cima). Provavelmente vão ter uma ou duas cervejas de trigo (wheat).

O Protocolo no Bar

Sierra Nevada, Lagunitas, Anchor Steam são algumas das marcas Californianas mais comuns. Firestone e Russian River são exemplos de duas crafts que cresceram nos últimos anos. Dependendo do bar, pode ser que você encontre uma craft local de verdade.

Se você não tem muita experiência com Ales, comece com uma Pale Ale. Em alguns bares, a cerveja é listada com marca, tipo, teor alcoholico e IBU (International bitterness unit, a medida de quão amarga é a cerveja).

Quando chegar no bar e o garçon perguntar “What are you going to drink?” (o que quer tomar?), você responde e pergunta de volta “A beer. What do you have on draft?” (Cerveja. O que você tem na torneira?). Daí ele vai te dizer as marcas. Você pode dizer “I would like to have a Pale Ale” (Eu quero uma Pale Ale). Provavelmente funciona.

Cerveja é normalmente servida em um copo de 1 pint Americano (470mL). Normalmente custa $5-6. A gorjeta é normalmente 15% da conta (ou $1 se comprando um copo avulso no bar).


Para ficar sabendo de tudo que ocorre no Vale, curta a página DiretoDoVale no Facebook

Como pensar sobre o Valuation da minha startup?

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Esse post considera uma “startup” um projeto em software/Internet/mobile B2B ou B2C em early stage. Usamos o termo valuation para indicar o valor monetário teórico de um projeto no momento em que ele recebe capital de um investidor profissional (Venture Capitalist, ou VC).

Na prática, o valuation da sua startup não é calculado ou medido, ele vai ser definido pelo VC no momento do aporte (e você vai descobrir que esse não é o parâmetro mais relevante com o qual se preocupar, mais detalhes abaixo).

Estou pronto para falar com um VC?

Se o VC estiver disposto a falar com você, vá em frente e fale. Mas normalmente a conversa só tem consequência tangível se a sua startup estiver no estágio correto de execução para receber um aporte de capital.

Você vai estar pronto para falar com VCs quando pelo menos uma das condições abaixo estiver satisfeita:

  1. Usuários – Minha aplicação B2C tem vários milhões de usuários, está crescendo exponencialmente através de propagação social, e minha audiência é o mundo todo. Não tenho um modelo de negócios, mas quem precisa disso? Eu sou o próximo Instagram ou Snapchat.
  2. Tração – Meu projeto já tem um numero significativo de usuários (B2C: centenas de milhares de usuários registrados; B2B: vários clientes em produção) e demonstrou monetização (i.e. gera receita via anúncios ou assinaturas pagas ou comissões) e tenho um modelo de negócios que é lucrativo e escalável (i.e. com a aplicação de capital, a receita cresce mais que linearmente com o capital aplicado até um número suficientemente grande – digamos dezenas de milhões de dólares por ano). Minha startup não é mais um website, é um negócio.
  3. Inovação – Meu projeto inclui inovação com “I” maiúsculo (não um app differente ou uma feature nova), que pode ser aplicada para resolver um problema concreto e de alto valor. Algo que é único no mundo e que ou seja protegido por patentes ou que ninguém entenda ou consiga copiar rapidamente. Eu encontrei a cura do Alzheimer’s ou descobri como fazer teletransporte.
  4. Currículo – Temos um projeto bem formado. Porque o time envolvido já criou várias empresas no passado, recebeu investimento, e foi capaz de executar e gerar grande retorno financeiro para investidores, esses investidores estão dispostos a fornecer capital para o novo projeto antes mesmo dele satisfazer os critérios anteriores.

As minúcias dos critérios acima variam um pouco dependendo do VC, mas não tem milagre. Lembre-se que o VC é um investidor profissional, investindo capital de um fundo que recebeu dinheiro de outros investidores. O VC não é dono do dinheiro e não faz favores, ele investe apenas se conseguir modelar retorno no investimento de acordo com a missão do fundo em questão.

Seed Money

Se nenhum dos critérios acima é satisfeito, o valuation da sua empresa não tem um valuation. Mas não se preocupe, esse é o caso da grande maioria das startups. Não quer dizer que o projeto está errado ou não tem futuro ou valor, apenas que você precisa avançar mais por conta própria para expressar o valor em uma valuation antes de receber capital de risco.

Se você precisa de dinheiro para executar antes de criar valuation, vai precisar de seed money, normalmente uma quantia relativamente pequena (suficiente para executar por alguns meses).

Esse investimento vem de um Angel Investor, normalmente um amigo/parente que tenha capital e vá investir dinheiro próprio, baseado na relação pessoal com o empreendedor.

Embora todo mundo goste de chutar números, normalmente não é necessário medir valuation para receber seed money. Esse dinheiro vem na forma de convertible notes. De forma bem simples, um convertible note é um empréstimo com valor definido em dólares/reais que é convertido em participação na empresa apenas se e quando houver um aporte de capital profissional (quando vai existir uma medida valuation mais concreta).

Entendi, mas eu ainda gostaria de ter uma idéia de valuation possível

As negociações no momento de um aporte de capital de risco (uma vez determinado que o projeto satisfaz aos critérios para receber investimento) são muito mais dependentes da estrutura da empresa (quantos sócios, quem são as pessoas chave) e da quantia a ser investida (baseado nos padrões do fundo e de quanto o projeto precisa para decolar).

O investidor profissional precisa acreditar que o time tem a capacidade de executar o plano e, portanto, tem interesse em mante-lo motivado e comprometido ao projeto (i.e. não há interesse em minimizar valuation/maximizar participação indiscriminadamente). Então valuation acaba sendo mais ou menos arbitrário, o número necessário para viabilizar o aporte.

Você pode tentar estimar um número de pelo menos três formas diferentes:

  • Financeiro. Se você tem um plano de negócios sólido, o valuation pode ser simplesmente calculado baseado no risco de execução e nas projeções de receita de de uma possível venda da empresa. Como em early stage os riscos de execução são enormes, modelar isso analiticamente se torna quase impossível. Normalmente o investidor é quem tenta fazê-lo, não o empreendedor.
  • Mercado. A grande maioria dos aportes de investidore profissionais é informação pública. Você pode ter idéia de valuation possíveis quando projeto estiver pronto olhando empresas similares recebendo aportes profissionais. Note que o número divulgado normalmente é “post-money”. Um VC investe $5M e o valuation é $25M depois do investimento, significando que o valuation antes do investimento era $20M e a participação do VC é 20% depois do investimento.
  • Custo de oportunidade. Avalie o quanto as pessoas envolvidas poderiam ter gerado no mercado se tivessem dedicado o tempo/esforço em uma empresa com negócios bem estabelecidos. O investidor não está interessado nisso, mas para o empreendedor esse número pode ser relevante para decidir se o projeto continua viável (o custo deveria ser sempre menor que o valuation que um dia se espera conseguir).

antique-squareMarcio Saito foi de São Paulo para a California para ajudar a estabelecer a Cyclades (a primeira empresa brasileira de tecnologia a se estabelecer no Vale) 20 anos atrás e acabou ficando. Hoje participa do ecossistema empreendedor como investidor, conselheiro, mentor, empreendedor. Me conheça.

Quanto custa morar ou passar um tempo no Vale do Silício?

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Viver no Vale do Silício é caro para a maioria das pessoas, e particularmente caro para quem vem do Brasil. Mas, como em qualquer lugar, o custo depende de suas escolhas e seu estilo. Todos os preços nesse post são aproximados e em dólares (2015).

Como vive um desenvolvedor de software no Vale do Silício?

Vamos imaginar um “desenvolvedor de software típico” com 4 anos de experiência trabalhando em uma empresa estabelecida. No Brasil esse desenvolvedor ganharia R$6,000 (ou em torno de R$80k por ano). Aqui, ele teria um salário de USD$120,000 por ano (ou aproximadamente USD$10k por mês). Considerando um câmbio de R$4-USD$1 (2015), nominalmente o engenheiro aqui ganha 5-6 vezes mais. Então, alguém pensando em reais no Brasil vai achar o Vale caro em dólares.

Esse desenvolvedor hipotético no Vale do Silício tem 3 semanas de férias no ano, plano de saúde como benefícios trabalhistas. Paga em torno de 35% em imposto de renda (sobram $6.5/mês), aluga um apartamento de um dormitório por USD$3,500/mês e gasta mais $300 (água, luz, telefone, TV a cabo, celular, Internet). Tem um Honda Civic (~USD$22k) e gasta cerca de $400/mês no carro entre prestação/seguro/gasolina. Gasta $400/mês em alimentação fora de casa e $300/mês no supermercado).

Quanto custa passar um tempo no Vale do Silício?

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Provavelmente o maior item no orçamento para uma visita ao Vale.

  • Quarto na casa de alguém. Pode ser grátis se esse alguém for um amigo e ceder as acomodações ou em torno de $1300 por mês alugando um quarto por mês. Procure em Craig’s list (http://craigslist.com)
  • Extended Stay. Existem hotéis que oferecem suítes (com cozinha, área de estar) para estadas mais longas (semanas). $60-80/noite. (exemplo: http://extendedstayamerica.com)
  • Motel ou hotel barato. Viável para uma visita curta. $100-$120 por noite em algum lugar relativamente bem localizado na área da Baía de San Francisco.
  • Hotel turístico. Viável para uma visita de alguns dias. $150-$250 por noite em algum lugar relativamente bem localizado na área da Baía de San Francisco.
  • Empreendedor. Considere ficar em algum lugar onde você vai conviver com outros empreendedores. Existem jeitos de ficar por $50/noite. Veja “Planejando uma visita ao Vale do Silício”
  • Albergue. Uma cama em um domitório coletivo deve sair por uns $40 por dia. As vantagens são localização (você pode ficar barato, normalmente no coração da cidade) e a oportunidade de encontrar outras pessoas. A desvantagem é a falta de privacidade. Tente http://hostelworld.com
  • Apartamento. Um apartamento de 1 dormitório em condomínio bom em lugar nobre custa $3500/mês. Contrato é 6 meses/1 ano e vai exigir depósito sem crédito.

Transporte

Fora de San Francisco, o Vale do Silício é suburbano (ruas largas, construções térreas, distâncias grandes), então não é viável andar a pé para ir aos lugares. O transporte público não tem o alcance ao qual você está acostumado em uma cidade brasileira. Taxi é caro, aluguel de carro é barato (se usar taxi 2 vezes por dia, sai mais barato alugar um carro).

  • Sola de Sapato. Viável apenas na cidade de San Francisco ou se você puder emprestar um carro.
  • Bicicleta. Se você puder emprestar ou comprar uma bicicleta ($0-40 usada no Craig’s List, $100-$150 nova) e ficar em um lugar bem localizado, perto de uma estação de trem, dá para sobreviver.
  • Carro Alugado. O aluguel de carro é (relativamente) barato. $30-$60/dia, mais o seguro (que dobra o preço). Gasolina custa ~$3/galão (~$1/litro).
  • Transporte Público. Uma viagem de trem de Mountain View para San Francisco é $7.
  • Uber/Lyft/Zipcar. Opção para poder ir de carro a lugares sem necessariamente ter que alugar carro por dias inteiros. As três opções listadas estão disponíveis em qualquer lugar na região.

Alimentação

Comida é barato. Serviço é caro. Então, suas escolhas e estilo vão fazer uma diferença no bolso.

  • Almoço fora. Se você está sozinho e não for muito exigente, dá para almoçar por $10. Com $13 dá para comer direitinho.
  • Jantar fora. Um almoço mais caprichado ou um jantar simples com uma cerveja, sai por uns $25. Mas dependendo do lugar pode ir a $50 ou mais.
  • Cerveja. Custa $1.50 no supermercado, $7 no bar. A diferença? O serviço.
  • Supermercado. É relativamente barato. Os preços vão ser comparáveis ao que você está acostumado no Brasil para industrializados.

Diversos

  • Cinema $15. Museu $20. Teatro $80.
  • Avião $300 para voar ida-e-volta de costa-a-costa
  • Apple iPad wi-fi $499
  • Apple iPhone 5c (desbloqueado, sem plano) $550
  • Celular pré-pago: $30 + $25/mês para um celular básico, incluindo o aparelho. $40-$60/mês para um plano com dados para smartphone.
  • Impostos: Os preços de produtos anunciados são sem impostos. O imposto sobre a venda é em torno de 9%. A gorjeta (opcional) em restaurantes e outros serviços, 15%.

Agora, se você quer realmente economizar, veja as dicas do empreendedor Renato Stefani, que diz que consegue sobreviver no Vale com $55 por semana.


antique-squareMarcio Saito foi de São Paulo para a California para ajudar a estabelecer a Cyclades (a primeira empresa brasileira de tecnologia a se estabelecer no Vale) 20 anos atrás e acabou ficando. Hoje participa do ecossistema empreendedor como investidor, conselheiro, mentor, empreendedor. Me conheça.
 

Etiqueta de negócios no Vale Do Silício

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Vou para o Vale e quero fazer reuniões aí…

O Brasileiro que quer ser global precisa se comportar global.

Quando meus amigos Americanos tem uma viagem de negócios com reuniões no Brasil , eu digo “Relaxe, porque as coisas andam mais devagar. Fora isso, faça o que você faria em uma reunião aqui e tudo vai terminar bem”.

A verdade é que a cultura de negócios é muito parecida entre o Brasil  e os EUA (o Vale do Silício tem peculiaridades adicionais). Fora o idioma, é difícil distiguir as diferenças olhando superficialmente.

Depois de mais de 20 anos aqui, eu gosto mais do modo Americano de conduzir discussões. Embora etiqueta seja apenas um protocolo comum (diferenças não são necessáriamente melhores ou piores), eu considero a etiqueta no Vale mais madura da que observo no Brasil.

Então o meu conselho para Brasileiros é um pouco diferente: É verdade que as diferenças são pequenas, mas é importante prestar atenção ou elas vão interferir negativamente com os seus objetivos de negócios.

Solicitando uma reunião

“Gostaria de te encontrar para bater um papo…”

No Vale do Silício as pessoas normalmente são abertas a um primeiro encontro informal, mas a atitude nos EUA é a de que reuniões de trabalho tem que ter um objetivo. A primeira reunião pode ser “solta”, mas somente a primeira e olhe lá.

Se você já se encontrou com uma pessoa (em uma ocasião informal, em um evento), quando pedir uma  reunião, precisa ter uma agenda clara e articulada. Você precisa saber o que vai pedir ou oferecer e quais são as ações que você espera depois dela. Se você não disser, a outra pessoa vai perguntar “Então, o que você quer que eu faça a respeito desse assunto?” Se você não tiver ações específicas, a conversa acaba imediatamente.

Reunião aqui tem agenda, é objetiva e eficiente. O bate-papo é limitado aos primeiros dois minutos da reunião. Daí vira business e termina com ações específicas e concretas (nada de “a gente vai se falando…”).

Seja pontual

“Estou chegando em mais 10 minutos…”

Estou cansado de receber pedidos de encontros-favores de empreendedores brasileiros e ter que esperar. Reunião tem hora para começar e para terminar. Óbvio, não? Deveria ser. Mesmo que você já se ache pontual no Brasil, preste atenção pois provavelmente não é.

Chegue 10 minutos antes e anuncie a presença no horário marcado. Esteja preparado para a reunião, não tem “uns minutinhos” para encontrar os slides ou imprimir o documento. Imprevistos acontecem e se você se atrasar por um bom motivo, ligue e avise que vai se atrasar e se desculpe profusamente. “Foi o trânsito” não é uma desculpa válida.

Ser pontual aqui não só é uma demonstração de respeito ao tempo alheio, mas também reflete a atitude relacionada a outros compromissos de negócios.

Detalhes logísticos

“4 de Maio ou 5 de Abril?”

O fato dos Americanos escreverem a data “errado” é fonte de muita confusão. Dia 4 de Maio é 05/04. Na dúvida, para evitar confusões, escreva “May, 4th”.

Aqui, tem gente que não entende a notação de 24 horas. Então não tem “15h00”. Escreva 3PM. Note que os EUA cobre 4 fusos (3PM na California é 6PM em New York). Note que a diferença de fuso entre Brasília e California varia de 4 horas (durante o verão no hemisfério Norte) a 6 horas (durante o inverno no hemisfério Norte).

Mantenha um perfil atualizado no Linkedin. É lá que eu vou verificar o perfil da pessoa com quem vou me encontrar.

Seja Politicamente Correto

“Prazer em conhecer…”

O aperto de mão é o mesmo independente do cargo, importância ou sexo da outra pessoa.

A tolerância a qualquer insinuação, mesmo que “de brincadeira”, a racismo, sexismo, discriminação religiosa, corrupção, etc. é muito menor que no Brasil. Aqui, fazer piadas é visto como uma expressão de tolerância a comportamentos que não devem ser tolerados.

Ser “políticamente correto” não é apenas uma regra social, mas uma atitude cultural.

Seja Autêntico e Confiável

“Nosso site tem uma audiência de 21 mil pessoas…”

Não diga exageros e meia-verdades (ou pior, mentiras inteiras) para convencer ou atrair interesse indevido. Pode funcionar temporariamente, mas ninguém inteligente investe, estabelece uma parceria ou compra algo baseado em um factóide ouvido em reunião e sem verificar as coisas básicas. E se o fizer, vai ser apenas uma vez.

Uma vez meias-verdades se tornam aparentes, você perde credibilidade (“business accountability” é mais importante aqui). Isso vale para coisas fundamentais e para detalhes pequenos. Pode ser parcial e exagerar um pouco para vender o meu peixe? Pode, mas assuma que tudo o que disser vai ser verificado e tenha certeza que você não vai passar vergonha (e perder a credibilidade).

Diga a verdade, cumpra o que promete, entregue no prazo. Já faz? Pensou: “Mas que coisa, nem precisa falar essas coisas…”? Preste atenção porque a referência aqui é outra.


antique-squareMarcio Saito foi de São Paulo para a California para ajudar a estabelecer a Cyclades (a primeira empresa brasileira de tecnologia a se estabelecer no Vale) 20 anos atrás e acabou ficando. Hoje participa do ecossistema empreendedor como investidor, conselheiro, mentor, empreendedor. Me conheça.
 

Planejando uma visita ao Vale do Silício

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Três semanas para conhecer…

Para visitar como turista, basta um dia (Roteiro para uma visita rápida >>). Mas se o seu objetivo é ter uma idéia de como o ecossistema empreendedor funciona, eu recomendo pelo menos 3 semanas (e isso considerando planejamento e preparação antecipada).

Se o seu objetivo é “encontrar uns VCs e pegar um investimento”, saiba desde já que isso não funciona (veja artigo sobre VCs >>).

A logística da viagem…

Os aeroportos de San Francisco (SFO) ou San Jose (SJC) funcionam. Um vôo do Brasil vai normalmente ter uma conexão (Houston, Dallas, Los Angeles, Miami, Chicago, etc) e vai chegar aqui no meio do dia. A passagem custa cerca de USD$1500 (2014).

Aluguel de carro nos EUA é relativamente barato ($150/semana + seguro). Carro não é absolutamente necessário o tempo todo se você ficar bem localizado. Se não puder alugar um carro o tempo todo, considere emprestar ou comprar uma bicicleta e ter um carro alugado pelo menos por alguns dias no final da visita.

Uma noite em um hotel barato é uns $50. Almoçar é uns $10. Jantar é uns $20. Uma cerveja custa $1 no supermercado, $6 no bar.

Pegue um celular pré-pago.

As distâncias são grandes e o sistema de transporte público não tem o alcance com qual você está acostumado em uma cidade grande no Brasil.

Entre Novembro e Março pode fazer frio (zero Celsius nas manhãs mais frias) e você vai precisar de roupa de frio e pode chover. No resto do ano é quente (40C na tarde mais quente do verão) e nunca chove. A umidade do ar é baixa o ano todo, o que significa que a sensação térmica é menos extrema que em São Paulo (zero não é tão frio e 40C não é tão quente quanto você imagina). Depois do pôr-do-sol, a temperatura cai rápido, mesmo no verão.

Mais informação sobre os custos de visitar o Vale >>

Onde ficar?

Algum lugar entre Palo Alto e Mountain View é o ideal. De preferência, perto de alguma estação do Caltrain (linha de trem), principalmente se não for alugar um carro.

Onde ficar depende do seu estilo e dos recursos financeiros. Mas se o seu objetivo é viver empreendedorismo, o melhor é ficar em um lugar onde você conviva com outros empreendedores. Existem vários albergues especializados em receber empreendedores e lugares que oferecem tanto o lugar para ficar como espaço de co-working e programas de imersão (Veja SiliconHouse.us por exemplo, Use Google para encontrar similares a Blackbox.vc).

Onde trabalhar?

Quando não estiver encontrando alguém ou passeando, você pode se sentar em um café (normalmente oferecem free wi-fi). Existem vários espaços de co-working que te oferecem um lugar para trabalhar (mesas, Internet, ambiente onde você vai conviver e interagir com outros empreendedores) por preços surpreendentemente baixos. Um exemplo: Hacker Dojo em Mountain View.

A visita começa antes da visita…

Para tirar proveito da visita, se prepare para ela. Se envolva com a comunidade empreendedora no Brasil, aprenda a linguagem, leia os livros que todo mundo está lendo, fale com empreendedores que já visitaram o Vale. Ative a sua rede de relacionamentos e entre em contato com pessoas aqui (e.g. me siga no Twitter, Facebook). Leia todos os artigos desse blog…

Uma semana antes de chegar (e não antes) faça contato com as pessoas que você conhece ou foi apresentado. Tente marcar um encontro com esses conectores nos primeiros dias da visita (quando contactar essas pessoas, tenha respeito pelo tempo delas: inclua informação e contexto relevantes, inclua links para o seu perfil profissional, diga claramente quais são os objetivos da sua visita). Elas vão te apresentar a pessoas relevantes e te ajudar a organizar o resto da visita.

Procure eventos e reuniões de interesse acontecendo na região (você vai encontrar vários eventos por dia, todo dia). Entre em sites como Meetup e selecione oportunidades de encontrar gente na comunidade local. Veja o calendário da BayBrazil. Na dúvida, apareça. Você sempre vai aprender algo.

Grupos e visitas a empresas

Estando aqui e encontrando as pessoas, vai ser relativamente fácil para você ter oportunidades de visitar as empresas locais. Se visitas a empresas e universidades for prioridade para você ou se você está organizando uma visita para um grupo maior, considere utilizar serviços de organizações oferecendo programas de “imersão” (e.g. BayBrazil, uma entidade que conecta as comunidades profissionais no Vale e no Brazil).

Mais sobre o Vale do Silício

O Silicon Valley cobre a área ao sul da Bahia de San Francisco. O nome vem de Silício, a matéria-prima para os chips que iniciaram a revolução digital, mas hoje e associado a tecnologia em geral. Cobre várias cidades parte da região da “Bay Area”, incluindo San Jose (Cisco), Santa Clara (Intel), Cupertino (Apple), Mountain View (Google), Palo Alto (Facebook), Redwood City (Oracle). No mapa acima, mas ou menos desde San Mateo na península até Fremont no lado leste da Bahia.

O coração do Vale do Silício é a cidade de San José, que tem cerca de 1 milhão de habitantes e fica 70km (uma hora de carro) da mais famosa, mas menor, San Francisco.

Para ver onde estão algumas das empresas de tecnologia que você conhece, veja o mapa interativo em Google Maps com instruções passo-a-passo. Clique em “See Larger Map” abaixo.

Pronto para mudar para cá? Veja como funcionam vistos de imigração >>


antique-squareMarcio Saito foi de São Paulo para a California para ajudar a estabelecer a Cyclades (a primeira empresa brasileira de tecnologia a se estabelecer no Vale) 20 anos atrás e acabou ficando. Hoje participa do ecossistema empreendedor como investidor, conselheiro, mentor, empreendedor. Me conheça.

Como é morar no Vale do Silício?

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Duas Décadas

Era um domingo em 1992 quando recebi uma ligação. “Quer ir morar na California?”. Em 93 me mudei de São Paulo, onde nasci e cresci, para o Vale do Silício. Vim para ajudar a estabelecer uma empresa brasileira aqui, com a idéia de passar dois ou três anos nos EUA. Duas décadas depois, ainda estou aqui.

Certas experiências são pessoais e intransferíveis. Morar em um lugar é uma dessas experiências, pois depende da perspectiva, história e atitude do morador. Então para saber como é a vida aqui, o melhor é vir me visitar (razões para visitar >>, tour de um dia >>).

Mas nem todo mundo tem essa oportunidade. Então vou apresentar minha perspectiva. Esse post não é sobre tecnologia ou empreendedorismo, mas sobre a visão mais pessoal de um brasileiro morando aqui a tanto tempo.

Pronto para mudar para cá? Como funcionam os vistos de imigração? >>

Onde fica esse tal de Vale do Silício?

O Silicon Valley cobre a área ao sul da Bahia de San Francisco. O nome vem de Silício, a matéria-prima para os chips que iniciaram a revolução digital, mas hoje e associado a tecnologia em geral. Cobre várias cidades parte da região da “Bay Area”, incluindo San Jose (Cisco), Santa Clara (Intel), Cupertino (Apple), Mountain View (Google), Palo Alto (Facebook), Redwood City (Oracle). No mapa acima, mas ou menos desde San Mateo na península até Fremont no lado leste da Bahia.

O coração do Vale do Silício é a cidade de San José, que tem cerca de 1 milhão de habitantes e fica 70km (uma hora de carro) da mais famosa, mas menor, San Francisco.

Como as pessoas vivem no Vale do Silício?

Fora de San Francisco (que não é parte do “Vale”), a vida é suburbana. São várias cidades emendadas. As pessoas vivem em casas térreas e as áreas residenciais são espalhadas com ruas largas. Algumas “freeways” cruzam a região (101 na peninsula, entre San Jose e San Francisco, 237 no Sul, e a 880 de San Jose a Berkeley no lado Leste da Bahia).

Uma das maiores surpresas quando cheguei aqui e fui para um shopping: o burburinho não era em inglês. Demograficamente, os americanos são minoria no vale. A maior parte da população é formada por imigrantes de outros paises: México, Índia, China, Vietnam, Filipinas, etc. Viver no vale é um exercício de diversidade e tolerância, com gente do mundo inteiro. Essa experiência é visível na variedade de restaurantes, arquitetura, vestuário, etc.

75% dos meus amigos trabalham diretamente com tecnologia, são engenheiros, programadores de software, vendedores de tecnologia, etc. Outros 20% trabalham em outras áreas, mas normalmente em empresas de tecnologia. Como dá para imaginar, isso é bom e ruim ao mesmo tempo.

Embora dependa da situação de cada um, em média a vida nos EUA é materialmente mais confortável do que em uma cidade como São Paulo. Os espaços são maiores, mais confortáveis, menos congestionados, mais seguros. Para mais informações sobre o padrão de vida (de um desenvolvedor de software), veja “Quanto custa morar ou passar um tempo no Vale do Silício?”>>

Ninguém sabe o tamanho exato da comunidade brasileira na área por que ela inclui imigrantes sem documentação e imigrantes transitórios que vão para ficar por tempo limitado. Mas existe uma comunidade significativa emergente de brasileiros ligados a tecnologia do Vale do Silício.

No trabalho, a cultura é anti-mainstream e casual. Hierarquia e estrutura são menos importantes que no resto do mundo. Não se usa gravata. Não é incomum encontrar gente de chinelo de dedo no escritório.

Por que a tradição em tecnologia?

É difícil de isolar um motivo para o sucesso sustentado do vale na área de tecnologia. Tem a ver com a diversidade (gente do mundo inteiro vem ao vale para “dar certo”), as Universidades (Stanford em Palo Alto, UC em Berkeley, etc), o ecossistema (venture capitalists, empreendedores, mão-de-obra qualificada, infraestrutura).

E tem terremoto mesmo? É verdade que nunca chove?

Tem dezenas de tremores pequenos todo dia. O Vale do Silício é cortado de norte a sul no lado da peninsula pela San Andreas fault e no lado leste pelas Hayward e Calaveras faults, as linhas de deslocamento da crosta terrestre, onde a placa do Pacífico está sendo empurrada para baixo da America do Norte.

Onde eu moro, em San Jose, alguém atento sente um tremor (a mesa balança) uma vez por mês. O último terremoto grande, onde as coisas caem da prateleira, foi em 1989 (Loma Prieta). Então, eu que moro no Vale do Silício desde 1992, ainda não peguei “the big one”. Para ver e acreditar: Mapa de terremotos na California essa semana >>

Entre Abril e Outubro, as pessoas marcam casamentos ao ar aberto sem se preocupar muito pois nunca chove. As chuvas ocorrem no inverno (Novembro-Março). A temperatura varia de próximo de zero nas manhãs frias de inverno até mais de 40C nas tardes quentes de verão. Nunca neva. A umidade do ar é sempre baixa, então a sensação de frio ou calor é menos extrema que em São Paulo.

Se eu for visitar, o que mais está por perto?

Veja: Tour do Silicon Valley >>

Saindo de San José, que é mais ou menos o coração do Vale do Silício…

San Francisco, que é mais famosa mas menor que San José, está uma hora ao Norte, pela Hwy 101.

Santa Cruz, que fica no litoral, está meia hora ao Sul, pela Hwy 17.

A California é famosa também pelas regiões vinícolas. A região de Santa Cruz Mountains produz Pinot Noir aqui mesmo no Vale. As mais famosas Napa e Sonoma estão 2.5 horas ao Norte.

Yosemite National Park, fica 4 horas ao Leste. Na mesma direção, Sacramento (capital da California) fica 2 horas de carro, Lake Tahoe (esqui, montanhas, neve), 4 horas.

Do que um Brasileiro sente falta?

Quando eu cheguei aqui em 1993, não tinha contato com outros brasileiros, então sentia muita falta de gente. Mas nos últimos anos a população de brasileiros exilados cresceu e se organizou, então hoje é muito fácil encontrar e conviver com brasileiros. Churrasco? Feijoada? Jogo de Futebol? Baile de Carnaval? Guaraná Antarctica? Sim, tem tudo isso aqui.

Embora se consiga comprar quase qualquer coisa aqui, a maioria dos brasileiros vão sentir falta de alguns pratos e comidas típicas. Não existem muitos restaurantes brasileiros na região e os poucos que existem tendem a ser churrascarias (tem um Fogo de Chão em San Jose, e Espetus, outra churrascaria autêntica em Burlingame e San Francisco).

E tecnologia, onde está?

Para ver onde estão algumas das empresas de tecnologia que você conhece, veja o mapa interativo em Google Mapas com instruções passo-a-passo. Clique em “See Larger Map” abaixo.


antique-squareMarcio Saito foi de São Paulo para a California para ajudar a estabelecer a Cyclades (a primeira empresa brasileira de tecnologia a se estabelecer no Vale) 20 anos atrás e acabou ficando. Hoje participa do ecossistema empreendedor como investidor, conselheiro, mentor, empreendedor. Me conheça.

Vistos para morar e trabalhar na California

Passport

Começando com disclaimers

Não sou advogado e as regras mudam o tempo todo. O conteúdo abaixo é baseado na minha experiência passada (eu vim para os EUA inicialmente com visto H1B. Na minha carreira, contratei cerca de 40 Brasileiros com visto H1-B ou L1).

Para o público desse blog (engenheiros, empreendedores) normalmente não faz sentido considerar nenhum caminho “alternativo” de imigrar para os EUA.

Quer saber como é viver no Vale do Silício? Veja minha perspectiva pessoal >>

Visto H1-B (visto de trabalho – técnico)

O visto H-1B permite que uma empresa Americana contrate extrangeiros temporariamente (nesse caso, por três anos, extendível para seis anos).

O visto H-1B assume que a empresa tentou e não conseguiu contratar uma pessoa qualificada localmente e porisso pede autorização para contratar um estrangeiro. Exige formação técnica de nível superior e experiência “única”.

Existe uma cota anual de vistos H1. Quando a demanda é maior que a cota (que é o caso na maioria do tempo), o problema é que o pedido do visto deve ser feito em Abril (quando a cota é aberta, e normalmente fechada em alguns dias) e a aprovação do visto só ocorre 6 meses depois.

Esse atraso de 6 meses entre a decisão de contratar e a aprovação do visto inviabiliza o processo na maioria dos casos de Brasileiros pensando em imigrar dessa forma. Na prática, o visto H1 funciona para quem já está morando legalmente nos EUA (e.g. com visto de estudante, com visto de esposo/esposa de imigrante legal, etc) ou quem está se transferindo de um pais para o outro dentro da mesma empresa (quando a espera de 6 meses pode ser aceitável).

Quando aprovado, o visto H1-B é associado a empresa e o profissional. Se a empresa demitir um funcionário com H1, ele perde o direito de ficar no país se não encontrar outra empresa disposta a patrocinar o visto dentro de alguns dias. A esposa ou esposo do imigrante recebe um visto H4, que dá direito de morar, mas não de trabalhar nos EUA.

Visto L1 (visto de trabalho – transferência interna)

O visto L1 permite que uma empresa com escritório nos EUA transfira um profissional de um escritório da mesma empresa em um país extrangeiro por um período de 5-7 anos.

O visto L1 assume que o profissional tem um cargo de gerência na empresa ou um set de skills único (e.g. conhecimento técnico do produto da empresa) que não pode ser encontrado facilmente no mercado local. Exige formação técnica de nível superior (mestrado torna o processo muito mais fácil). Comparado ao H1, o processo L1 é mais simples (não exige provar que a empresa tentou contratar um profissional qualificado localmente). O L1 não está sujeito a cotas e o processo leva 2-3 meses.

Quando aprovado, o visto L1 é associado a empresa e o profissional. Se a empresa demitir um funcionário com L1, ele perde o direito de ficar no país se não encontrar outra empresa disposta a patrocinar o visto dentro de alguns dias. A esposa ou esposo do imigrante recebe um visto L4, que dá direito de morar e trabalhar nos EUA.

Visto F1 (visto de estudante)

O visto F1 permite que um extrangeiro more nos EUA enquanto se dedicando como estudante em regime integral (e.g. você vem para a California para fazer um curso de MBA em Stanford).

Durante o curso, o estudante pode fazer algumas horas semanais de estágio em uma empresa americana. Depois da graduação, o estudante pode ficar até 12 meses e trabalhar. Durante esse período, o visto pode ser convertido em H1-B (assumindo que a empresa esteja disposta a patrocinar o visto e que o profissional satisfaça os requerimentos).

A esposa ou esposo do imigrante recebe um visto F2, que dá direito de morar mas não trabalhar nos EUA.

Green Card (residência permanente)

Um extrangeiro nos EUA com visto H1 ou L1 pode solicitar um Green Card. O Green Card é uma autorização de residência permanente (para todos os efeitos ele funciona como cidadania, mas é revogável e não dá direitos políticos). O processo normalmente leva 2-3 anos e frequentemente é patrocinado pela empresa patrocinando o H1 ou L1.

O Green Card pode também ser obtido através de casamento com um cidadão americano.

Portadores de Green Card, depois de 5 anos, podem requerer cidadania americana.

Qual é o seu caso?

Sou engenheiro, quero trabalhar na Califórnia.

O caminho normal seria se candidatar a empregos na California e requerer visto H1-B, mas por causa da cota anual, isso só funciona na prática se a empresa contratar primeiro no Brasil e depois transferir para cá.

Se você tem mestrado e trabalha em uma empresa multinacional estabelecida nos EUA, o caminha mais fácil seria uma transferência interna via visto L1.

Se você tem os recursos financeiros para vir estudar nos EUA, se matricule para fazer um mestrado aqui e venha com visto F1.

Sou empreendedor, quero empreender na California.

As restrições são as mesmas. Então para empreender na California,  você vem para cá como funcionário ou estudante (vistos H1, L1, F1), trabalha por vários anos e, depois de obter o Green Card, abre uma empresa aqui.

Se você tem uma empresa estabelecida e com recursos financeiros no Brasil, pode abrir um escritório aqui e pedir um visto L1 para transferir do Brasil para a California. Mas existem requerimentos não-triviais de escopo do escritório nos EUA para que o pedido seja aprovado (capital mínimo, contratação de funcionários nos EUA, etc).

E agora?

Mas antes de querer imigrar, venha conhecer o Vale do Silício (Tour de um dia >> , Planejando uma visita >>), porque morar aqui não é para todo mundo.


antique-squareMarcio Saito foi de São Paulo para a California para ajudar a estabelecer a Cyclades (a primeira empresa brasileira de tecnologia a se estabelecer no Vale) 20 anos atrás e acabou ficando. Hoje participa do ecossistema empreendedor como investidor, conselheiro, mentor, empreendedor. Me conheça.